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Petrobras mira suprir 20% da demanda nacional de fertilizantes nitrogenados até 2026
Estatal projeta retomada de unidades da Fafen para reduzir dependência externa e fortalecer o agronegócio.
A Petrobras anunciou que pretende atender cerca de 20% da demanda nacional de fertilizantes nitrogenados até 2026, em movimento que marca o retorno da estatal à produção do insumo. O plano prevê a reativação gradual de três unidades industriais da antiga Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen), localizadas na Bahia, em Sergipe e no Paraná.
Segundo a presidente Magda Chambriard, as plantas da Bahia e de Sergipe devem suprir 5% e 7% da demanda nacional de ureia, respectivamente, enquanto a unidade do Paraná já responde por cerca de 8%. A estatal também estuda acelerar a retomada da fábrica de Três Lagoas, em Mato Grosso do Sul (UFN-III), que poderá elevar a cobertura total para até 35% da necessidade brasileira nos próximos anos.
O anúncio, feito em 9 de outubro, reforça o foco da Petrobras em setores estratégicos e busca reduzir a dependência externa do Brasil, hoje superior a 80% na importação de fertilizantes. A medida também responde à demanda do agronegócio por previsibilidade no fornecimento e menor exposição às flutuações do mercado internacional.
Contexto produtivo e histórico de dependência
As unidades da Fafen haviam sido desativadas entre 2019 e 2020 por inviabilidade econômica, em meio ao aumento dos custos de gás natural — principal insumo do processo de produção de amônia e ureia. Em 2023, a Unigel assumiu a operação temporária de parte das fábricas, mas a produção foi novamente interrompida diante da volatilidade do preço do gás e da queda nas margens de rentabilidade.
Com a reestruturação anunciada, a Petrobras retoma o controle operacional das plantas, integrando-as ao plano de expansão do polo de fertilizantes do Nordeste e à estratégia de segurança energética nacional. A retomada será apoiada por contratos de fornecimento de gás natural da própria estatal e por novos modelos de parceria com o setor privado.
A empresa também confirmou que está revisando estudos para o aproveitamento de gás de unidades de processamento no litoral norte da Bahia e de Sergipe, o que pode reduzir custos de produção e aumentar a competitividade das plantas reativadas.
Repercussões para a indústria e manutenção
A reativação das fábricas da Fafen mobiliza diretamente a cadeia de manutenção industrial e de engenharia pesada. Serão necessários investimentos em modernização de equipamentos, automação de sistemas e atualização de processos ambientais, o que deve gerar centenas de empregos técnicos nas regiões de Camaçari, Laranjeiras e Araucária.
Empresas de válvulas, trocadores de calor, caldeirarias e automação industrial já avaliam oportunidades de contratos com a estatal e seus fornecedores. O movimento também pode impulsionar o setor metalmecânico regional e fortalecer polos de manutenção que atendem a Petrobras e o agronegócio.
O uso de tecnologia nacional e a retomada de contratos de longo prazo tendem a aumentar a previsibilidade de investimentos e reduzir gargalos logísticos de insumos agrícolas, tema de alta sensibilidade para o setor rural.
Contexto e implicações econômicas
A decisão de retomar a produção nacional de fertilizantes tem dimensão estratégica. O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, mas importa cerca de 85% do volume consumido, especialmente da Rússia, China e países árabes. Essa dependência expõe o agronegócio a riscos geopolíticos e à volatilidade de preços internacionais.
O avanço das obras da UFN-III e a reabertura das unidades da Fafen podem representar uma inflexão nessa balança. Além de mitigar a vulnerabilidade externa, a retomada da produção interna contribui para a estabilidade de preços agrícolas e reforça a segurança alimentar.
Para a Petrobras, o projeto também tem valor simbólico. Após um ciclo de desinvestimentos, a estatal busca reequilibrar seu portfólio, diversificando receitas e reforçando o papel estratégico em segmentos adjacentes à energia.
Uma virada industrial com foco estratégico
A reativação das fábricas de fertilizantes recoloca a Petrobras no centro da política industrial brasileira. A medida sinaliza não apenas a retomada de ativos produtivos, mas uma estratégia de integração entre energia, indústria e agricultura. Ao reocupar esse espaço, a estatal devolve ao país parte da autonomia perdida na última década e abre espaço para uma nova fase de desenvolvimento produtivo com base em soberania energética e tecnológica.
Fonte de referência: Reuters, Agência Gov, Petrobras.
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