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Pequenos Reatores Modulares (SMRs) avançam no mundo e se consolidam como peça-chave na transição energética
A tecnologia de pequenos reatores modulares (SMRs) deixou de ser promessa e começa a ocupar espaço real nas estratégias globais de energia. O novo SMR Dashboard, divulgado pela Agência de Energia Nuclear (NEA), aponta que existem hoje 127 versões tecnológicas identificadas no mundo, sendo 74 projetos em desenvolvimento ativo. O movimento ganha força tanto pelo interesse de empresas privadas quanto pelo apoio crescente de governos que veem na tecnologia uma aliada fundamental para metas de descarbonização e segurança energética.
Um mapa da expansão
A maior concentração de projetos está na América do Norte, que reúne 30 iniciativas de 25 organizações. A Europa conta com 20 projetos em 19 entidades, enquanto países da Ásia membros da OCDE somam 10. China e Rússia têm cinco cada, seguidos por dois projetos na África, um na América do Sul e um no Oriente Médio. O levantamento mostra ainda que sete projetos já estão em operação ou em construção, enquanto outros 51 seguem em fase de licenciamento em 15 países.
Além disso, as conversas entre desenvolvedores e potenciais locais de instalação se multiplicam, atualmente são cerca de 85. O financiamento também mostra vitalidade: desde a edição anterior do relatório, o número de projetos com capital confirmado cresceu 81%, evidenciando maior confiança de investidores e governos.
Projetos que ganham ritmo
Nos Estados Unidos, a NuScale Power conquistou recentemente aprovação da Comissão Reguladora Nuclear (NRC) para o design de um reator de 77 MW, passo decisivo para a construção de um SMR doméstico. O anúncio já atraiu grandes operadores de data centers, interessados em fontes estáveis de energia.
No Canadá, a província de Ontário autorizou o BWRX-300, de 300 MW, desenvolvido pela GE Vernova e Hitachi. Previsto para entrar em operação até 2030, o reator promete abastecer 300 mil casas e gerar impactos econômicos significativos, com estimativa de 18 mil empregos e CAD 38,5 bilhões ao longo de sua vida útil.
A Romênia também desponta como candidata a pioneira na Europa. A estatal Nuclearelectrica planeja uma decisão final de investimento ainda em 2025, em parceria com a NuScale e com forte apoio financeiro dos Estados Unidos. Já no Reino Unido, a GE Hitachi defende a construção de até 20 SMRs, alinhados à meta governamental de ampliar a capacidade nuclear nacional.
O outro lado da moeda
Apesar do entusiasmo, o setor enfrenta obstáculos importantes. Um dos principais é a oferta limitada de HALEU, combustível nuclear de baixo enriquecimento, mas essencial para várias tecnologias SMR. Há também críticas sobre custos e resíduos, que ainda precisam de soluções robustas para que os reatores alcancem competitividade frente a outras fontes de energia.
Ao mesmo tempo, cresce o interesse pela versatilidade dos SMRs. Além da geração elétrica, os projetos podem ser usados em cogeração térmica, no fornecimento a regiões remotas e até em integração com fontes renováveis, abrindo espaço para modelos híbridos de energia.
O que está em jogo
Mais do que números, os SMRs representam um novo capítulo na história da energia nuclear. O avanço simultâneo em diferentes continentes mostra que a tecnologia já deixou o campo da teoria e caminha para aplicações concretas. Mas o futuro do setor dependerá da capacidade global de superar gargalos, como o abastecimento de combustível, a padronização de processos e a redução de custos, sem perder de vista a urgência de responder à crescente demanda por eletricidade em um mundo digital e cada vez mais dependente de energia limpa.
Fonte de referência: NEA SMR Dashboard (2025); World Nuclear News; Reuters; Axios; The Times; IAEA
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