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OPEC defende novos investimentos em petróleo e gás e projeta longa vida aos combustíveis fósseis

Organização afirma que a demanda por petróleo e gás seguirá robusta até 2050 e alerta para risco de escassez se o setor não ampliar investimentos.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEC) voltou a reforçar o alerta: o mundo ainda dependerá do petróleo e do gás por décadas. Em discurso durante a Russian Energy Week, o secretário-geral Haitham Al Ghais afirmou que o setor precisa ampliar significativamente seus investimentos para evitar um futuro desequilíbrio entre oferta e demanda.

Segundo a entidade, mesmo com o avanço da transição energética e da eletrificação dos transportes, os combustíveis fósseis continuarão respondendo por cerca de 30 % da matriz energética global em 2050. O número aparece no relatório World Oil Outlook 2025, divulgado em outubro.

Redução de investimentos preocupa a OPEC

Nos últimos anos, o setor de óleo & gás vem sofrendo uma desaceleração de aportes. Companhias e fundos de investimento têm direcionado capital para fontes renováveis, e políticas climáticas mais rigorosas em economias desenvolvidas aumentaram o custo de novos projetos de exploração.

A OPEC argumenta que essa retração cria um “risco de escassez energética estrutural”, já que o consumo global ainda cresce, impulsionado pelo aumento populacional, pela urbanização e pela expansão industrial de países emergentes.

“Precisamos de uma transição realista, que leve em conta a segurança energética e a acessibilidade para bilhões de pessoas que ainda dependem de combustíveis fósseis”, afirmou Al Ghais, em declaração reproduzida pela Reuters.

Divergências com a visão ocidental

A posição da OPEC contrasta com estimativas da International Energy Agency (IEA), que prevê um pico de demanda por petróleo antes de 2030 e um declínio gradual a partir de então. A IEA sustenta que políticas de descarbonização e eficiência energética reduzirão o consumo de derivados de petróleo em ritmo mais acelerado.

A OPEC, porém, considera que essa projeção subestima a necessidade energética global e ignora desigualdades regionais. A organização calcula que, mesmo com forte expansão das renováveis, petróleo, gás e carvão ainda responderão por mais da metade da energia consumida mundialmente até meados do século.

Um relatório recente da McKinsey & Company reforça parte desse argumento, ao estimar que os combustíveis fósseis representarão entre 41 % e 55 % da matriz energética global em 2050, dependendo da velocidade da transição climática.

Preços, oferta e a estabilidade do mercado

O pedido de mais investimentos surge num contexto de oferta crescente da OPEC+, aliança que inclui países como Rússia, Arábia Saudita e Emirados Árabes. A produção ampliada tem reduzido a capacidade ociosa do grupo e pode gerar volatilidade de preços nos próximos anos.

A OPEC projeta um pequeno déficit de oferta em 2026, caso o ritmo de investimentos permaneça abaixo do necessário para repor campos maduros e novas reservas. A ausência de projetos de exploração e produção pode elevar custos e provocar ciclos de escassez, repetindo o padrão observado em choques energéticos passados.

Já a Saudi Aramco, maior produtora do mundo, também alertou para um “cenário de carência global” se o investimento upstream — em extração e desenvolvimento de novos campos — não for retomado em escala.

Transição energética e dilema de longo prazo

O discurso da OPEC não nega a transição energética, mas tenta reposicionar o petróleo e o gás como parte complementar da matriz do futuro, e não como inimigos diretos das energias limpas. Para o grupo, os combustíveis fósseis ainda terão papel essencial na fabricação de derivados petroquímicos, fertilizantes e plásticos, além de serem fontes de energia firmes em países que carecem de infraestrutura elétrica estável.

A entidade propõe uma abordagem “de coexistência” entre fontes renováveis e fósseis, sustentada por tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS) e por melhorias na eficiência operacional das refinarias.

Repercussões para a indústria e manutenção energética

O posicionamento da OPEC reforça que o setor de óleo & gás continuará sendo um dos pilares industriais nas próximas décadas. Para empresas que atuam em refino, transporte e manutenção de plataformas, o cenário indica demanda contínua por serviços especializados, com foco em eficiência, digitalização e mitigação ambiental.

O prolongamento da vida útil dos ativos também impõe desafios técnicos: será necessário modernizar instalações antigas, reduzir emissões e manter confiabilidade operacional em estruturas que permanecerão ativas por mais tempo. Companhias de engenharia e manutenção se tornam, assim, agentes centrais no equilíbrio entre produtividade e sustentabilidade.

Um equilíbrio entre pragmatismo e transição

A mensagem da OPEC é pragmática: o mundo precisa avançar na transição energética, mas sem negligenciar a base fóssil que ainda sustenta o sistema global. Enquanto as renováveis ganham espaço, o petróleo e o gás continuam fornecendo estabilidade e receita para dezenas de economias produtoras.

O desafio, segundo analistas, será conciliar investimento suficiente para garantir segurança energética no presente sem comprometer as metas de descarbonização do futuro.

Fonte de referência: Reuters, Financial Times, OPEC World Oil Outlook 2025, McKinsey & Company.

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