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Lula pede a Trump revogação de tarifa de 40% sobre exportações brasileiras e reacende debate sobre política comercial entre Brasil e EUA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu oficialmente ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a revogação da tarifa de 40% sobre produtos brasileiros, durante uma conversa telefônica de cerca de 30 minutos, realizada em 6 de outubro de 2025. O diálogo, classificado como “positivo” pelo Palácio do Planalto, teve como foco a tentativa de reaproximação comercial entre os dois países após meses de tensões provocadas por medidas tarifárias unilaterais do governo norte-americano.

Segundo a AP News, Lula argumentou que o Brasil é um dos poucos países do G20 com o qual os Estados Unidos mantêm superávit comercial, o que tornaria a manutenção da tarifa injustificada. O presidente brasileiro também ressaltou que o aumento das barreiras tem provocado prejuízos diretos às exportações nacionais de aço, alumínio e produtos agrícolas, setores altamente integrados à economia americana.

Trump, por sua vez, teria reagido de forma cordial e disse que pretende “avaliar as condições do mercado”, sem se comprometer com a revogação imediata. Após a conversa, o republicano publicou em sua rede social, Truth Social, que teve “um bom diálogo com Lula” e que ambos pretendem “aprofundar o entendimento econômico entre os países”.

Contexto político e econômico das tarifas

A tarifa de 40%, imposta por Trump no início de 2025 e que, segundo fontes do governo brasileiro, chegou a 50% para alguns segmentos, afetou diretamente o fluxo de comércio entre os dois países. As exportações brasileiras para os Estados Unidos recuaram 20,3% em setembro, enquanto as importações de produtos americanos cresceram 14,3%, ampliando o déficit bilateral para US$ 1,77 bilhão, segundo dados do MDIC.

O movimento tarifário foi justificado por Washington como uma medida de “proteção da indústria nacional”, mas, na prática, elevou custos e reduziu a competitividade de produtos brasileiros, especialmente do setor de base. Em reação, o governo Lula tem buscado diversificar mercados e intensificar as negociações comerciais com a China e a União Europeia, numa tentativa de mitigar os impactos das barreiras americanas.

A Reuters destacou que a conversa entre Lula e Trump ocorre em um momento em que o Brasil tenta manter sua posição de parceiro estratégico dos Estados Unidos, mesmo diante de políticas protecionistas. O governo brasileiro avalia que a retomada do diálogo direto pode abrir espaço para revisões graduais das tarifas e para a retomada de acordos de cooperação tecnológica e energética suspensos desde 2021.

Repercussões para a economia e o comércio exterior

Para o setor exportador brasileiro, o gesto de Lula é interpretado como um sinal diplomático de pragmatismo econômico, capaz de reduzir tensões e oferecer previsibilidade aos fluxos comerciais. Entidades da indústria avaliam que a tarifa compromete margens e prazos de contratos com clientes norte-americanos, e que o restabelecimento das condições anteriores poderia liberar investimentos represados.

Economistas ouvidos por veículos internacionais consideram que a reaproximação entre os dois governos, mesmo sem resultados imediatos, pode contribuir para estabilizar o ambiente macroeconômico, já que os Estados Unidos ainda figuram entre os três principais destinos das exportações brasileiras.

No plano político, a ligação reforça o esforço de Lula em reconstruir pontes com grandes potências e defender uma agenda comercial baseada em multilateralismo e previsibilidade, aspectos centrais para a indústria brasileira e para o equilíbrio da balança comercial.

Embora o desfecho da negociação ainda dependa de decisões futuras da Casa Branca, o diálogo direto entre os dois presidentes já é visto como um avanço diplomático importante. A sinalização de abertura marca um raro momento de convergência entre os dois governos, reacendendo o debate sobre o papel do Brasil nas cadeias globais de valor e sobre a necessidade de uma política externa mais assertiva na defesa de seus interesses comerciais.

Fonte de referência: AP News, Agência Brasil, CNN Brasil, Reuters.

Foto: Montagem editoria de arte

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