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JBS prevê queda de 9% no abate de gado em 2026 e prepara estratégias para manter a oferta
Ciclo pecuário pode reduzir em 9% o abate de gado no Brasil em 2026. JBS prepara estratégias para manter oferta e produtividade no setor.
A JBS, maior processadora de carnes do mundo, projeta uma retração significativa no abate de gado a partir de 2026. Segundo estimativas da consultoria Datagro, confirmadas por executivos da companhia, o Brasil pode registrar queda superior a 9% no número de animais abatidos, reduzindo o total para cerca de 37,1 milhões de cabeças.
Esse movimento marca a virada de ciclo após dois anos de forte expansão da oferta. Entre 2023 e 2024, o abate cresceu cerca de 16%, seguido de alta de 3% em 2025. Agora, com a necessidade de recomposição do rebanho — em especial após abates intensos de matrizes (fêmeas reprodutoras) —, a tendência é de escassez no curto prazo.
Estratégias da JBS diante da menor oferta
O diretor de Originação da JBS, Eduardo Pedroso, afirmou que a empresa está se preparando para enfrentar o novo cenário com medidas estruturadas:
- Integração lavoura-pecuária: incentivo a sistemas produtivos que combinam agricultura e pecuária, aumentando eficiência no uso da terra.
- Tecnologia e genética: uso de melhoramento animal, nutrição balanceada e manejo intensivo para elevar o ganho de peso e reduzir a idade média de abate.
- Contratos a termo: compra antecipada de animais, inclusive ainda “na barriga da mãe”, garantindo previsibilidade de fornecimento.
- Relacionamento com produtores: parcerias mais sólidas com pecuaristas para assegurar regularidade de entrega.
Essas medidas visam suavizar o impacto da retração e dar mais estabilidade à cadeia de suprimento da empresa.
Oscilações de preço e incertezas do mercado
O preço da arroba do boi gordo, atualmente oscilando entre R$ 290 e R$ 330, tende a ser pressionado para cima com a menor oferta prevista para 2026. No entanto, especialistas divergem sobre a intensidade desse movimento.
A ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne) avalia que o mercado pode permanecer equilibrado, já que o consumo interno e fatores eleitorais (2026 será ano de eleições presidenciais) podem influenciar políticas de estímulo e regulação.
Essa divergência evidencia a complexidade do setor: previsões de queda de oferta são consistentes, mas variáveis como clima, custos de insumos e demanda internacional podem alterar o desfecho.
Impactos para a indústria e a manutenção
Para a indústria da carne e setores correlatos, os impactos vão além da pecuária:
- Logística e refrigeração: cadeias de frio e transporte precisarão operar com mais eficiência para otimizar margens em um cenário de oferta restrita.
- Manutenção industrial: frigoríficos e armazéns demandarão maior atenção em manutenção preventiva e corretiva para evitar paradas inesperadas que agravariam os custos.
- Insumos e serviços: fornecedores de ração, saúde animal e transporte rural podem enfrentar flutuações na demanda, exigindo flexibilidade operacional.
- Inovação tecnológica: a busca por produtividade deve acelerar a adoção de soluções digitais de monitoramento, inteligência artificial aplicada ao manejo e biotecnologia para nutrição animal.
Conclusão
A estimativa de queda no abate de gado em 2026 confirma a natureza cíclica da pecuária e reforça a necessidade de planejamento de longo prazo. Para a JBS, a resposta passa por tecnologia, contratos estruturados e integração com pecuaristas. Para a indústria em geral, o desafio será alinhar eficiência operacional, manutenção industrial e inovação em toda a cadeia.
Mais do que uma questão de oferta e demanda, a virada do ciclo é um teste para a resiliência e a capacidade de adaptação do setor pecuário e da indústria de transformação de carnes no Brasil.
Fontes de referência: Reuters; Datagro; InfoMoney; Compre Rural; ABIEC.
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