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Inteligência artificial em alto-mar: parceria entre Shape Digital, Shell Brasil, MODEC e Unicamp promete elevar padrões de segurança offshore
Projeto brasileiro une Shape Digital, Shell, MODEC e Unicamp para criar metodologia com IA que monitora riscos operacionais e barreiras de segurança em plataformas offshore.
Uma parceria estratégica entre Shape Digital, Shell Brasil, MODEC e Unicamp está desenvolvendo uma metodologia baseada em inteligência artificial (IA) para monitorar riscos operacionais e avaliar a eficácia de barreiras de segurança em plataformas offshore. O projeto, com duração prevista de três anos, é financiado pelo programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Mais do que um avanço tecnológico, trata-se de um passo relevante para a indústria de óleo e gás no Brasil, que busca combinar segurança operacional, inovação digital e confiabilidade em ambientes de altíssimo risco.
O que está em jogo: barreiras de segurança offshore
Plataformas de petróleo operam com barreiras de segurança múltiplas, sistemas técnicos, procedimentos e equipamentos que têm a função de prevenir, controlar ou mitigar acidentes. No entanto, ao longo da operação, essas barreiras sofrem degradação gradual, reduzindo sua eficácia e aumentando a probabilidade de falhas críticas.
A proposta da parceria é usar a IA para identificar sinais precoces dessa degradação, oferecendo visibilidade em tempo real sobre a integridade das barreiras e fornecendo dados concretos para apoiar decisões estratégicas de manutenção.
A tecnologia por trás: Shape Reef e IA aplicada
A base do projeto é o Shape Reef, plataforma digital da Shape Digital já utilizada para monitoramento de riscos. A evolução planejada irá integrar algoritmos de inteligência artificial, dados reais de campo e simulações de fluidodinâmica computacional.
Entre os casos de uso em destaque está o monitoramento de vazamentos de gás, um dos cenários mais críticos em operações offshore. A IA deverá aprender a reconhecer padrões complexos que humanos ou sistemas convencionais demorariam a identificar, reduzindo drasticamente o tempo de resposta a potenciais emergências.
Raízes acadêmicas e inovação aplicada
A iniciativa tem origem em pesquisas conduzidas na Unicamp, coordenadas pelo professor Sávio Vianna, que já resultaram em programas registrados como o Fuzzy BowTie e a Artificial Neural Network for Leak Detection. Agora, a meta é elevar o nível de maturidade tecnológica, combinando ciência de dados e experiência prática de operadores como a MODEC.
Esse vínculo entre universidade, operadora, fornecedora e empresa de tecnologia cria um ecossistema colaborativo raro, capaz de acelerar a transição da pesquisa acadêmica para soluções aplicáveis em escala industrial.
Impactos para a manutenção e a indústria
A adoção dessa metodologia pode transformar a forma como equipes de manutenção atuam em plataformas offshore. Hoje, boa parte das inspeções e decisões ainda dependem de rotinas periódicas e do julgamento humano. Com a nova solução, será possível:
- Antecipar falhas antes que comprometam a produção;
- Priorizar intervenções de acordo com o nível real de risco;
- Reduzir paradas não programadas, aumentando a disponibilidade dos ativos;
- Integrar manutenção preditiva e segurança operacional, unindo duas áreas historicamente tratadas de forma separada.
Para a indústria como um todo, o ganho é duplo: menor risco de acidentes ambientais e humanos e maior eficiência operacional em um setor que convive com custos elevados e margens cada vez mais pressionadas.
Desafios e pontos a observar
Apesar do potencial, ainda existem desafios significativos. Entre eles: a confiabilidade dos modelos de IA em ambientes ruidosos, a integração de diferentes bases de dados e sensores, a necessidade de certificações regulatórias e a adaptação das equipes offshore a novas tecnologias de monitoramento.
Outro aspecto crítico será a cibersegurança: sistemas de IA integrados a plataformas de petróleo precisarão estar protegidos contra ataques que possam comprometer dados sensíveis ou até mesmo a integridade das operações.
Conclusão
Se bem-sucedida, a parceria pode consolidar o Brasil como referência mundial na aplicação de IA para segurança offshore, além de abrir espaço para novas soluções em setores adjacentes da indústria pesada e da energia.
Mais do que uma ferramenta tecnológica, trata-se de um novo paradigma de gestão de risco e manutenção, em que dados, inteligência artificial e experiência humana se complementam para tornar operações críticas mais seguras, eficientes e sustentáveis.
Fonte de referência: Shape Digital; MODEC; Offshore Magazine; Portos e Navios; TN Petróleo; Inova Unicamp.
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