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Indústrias aéreas podem sofrer impacto adicional de US$ 11 bilhões em 2025 por falhas na cadeia de suprimentos
Relatório da IATA com a Oliver Wyman estima custo extra superior a US$ 11 bilhões em 2025, puxado por frota mais antiga, manutenção, aluguel de motores e estoques.
A Associação Internacional de Transporte Aéreo publicou em 13 de outubro um estudo feito com a consultoria Oliver Wyman estimando que a lentidão na produção de aeronaves e peças adicionará mais de US$ 11 bilhões em custos para as companhias aéreas em 2025. O montante decorre de gargalos persistentes nas cadeias de suprimentos aeroespaciais.
Segundo a IATA, o impacto se distribui em quatro frentes principais: cerca de US$ 4,2 bilhões em gasto extra de combustível pelo uso prolongado de aviões mais antigos e menos eficientes, US$ 3,1 bilhões em manutenção adicional, US$ 2,6 bilhões com aluguel de motores enquanto unidades ficam imobilizadas em oficinas e US$ 1,4 bilhão com estoques maiores de peças de reposição.
Por que está acontecendo
A combinação de escassez de mão de obra qualificada, material e componentes, junto com maior demanda do setor militar, pressiona a capacidade dos fornecedores e alonga prazos de entrega. O efeito colateral é a postergação da renovação de frota e filas em oficinas de motores.
Casos recentes ilustram a pressão no segmento de motores: a Turkish Airlines estima que os atrasos em reparos de motores continuarão até meados de 2027, mantendo dezenas de aeronaves no chão por períodos longos. A Wizz Air trabalha com meta de normalização até o fim de 2027, mas sem garantia absoluta.
Efeitos sobre tarifas, pontualidade e oferta
Com frota envelhecida e menos aeronaves novas entregues, a oferta de assentos fica mais limitada e os custos operacionais sobem, o que tende a pressionar tarifas e aumentar o risco de cancelamentos e reprogramações. A IATA reconhece que a magnitude do problema foi maior do que o esperado e aventa discutir práticas de mercado no pós-venda de peças e manutenção, dada a assimetria de poder entre fornecedores e companhias.
Outro vetor de custo é o combustível sustentável de aviação. Em paralelo ao relatório, a IATA afirmou que algumas fornecedoras estariam aplicando sobretaxas ligadas às metas europeias de mistura de SAF, encarecendo o produto e pressionando ainda mais a estrutura de custos das empresas.
O que muda para Brasil e América Latina
Mesmo com diferenças de mercado, os vetores são semelhantes na região: prazos mais longos para manutenção pesada e acesso restrito a componentes motivam a formação de estoques e o alongamento de ciclos de vida de aeronaves, com efeitos na eficiência de combustível e no custo por assento. Quando fabricantes sinalizam algum progresso com fornecedores, a normalização segue gradual e sujeita a atrasos.
Para rotas domésticas e regionais, a postergação da renovação de frota pode reduzir os ganhos de eficiência esperados e limitar a expansão de capacidade. Em rotas de longo curso, atrasos de entregas e ciclos de manutenção de motores podem gerar remanejamentos de malha e mudanças de equipamento, com impacto na experiência do passageiro e no custo operacional total. Esses pontos decorrem diretamente do cenário mapeado pela IATA e dos casos recentes com grandes operadoras.
O que acompanhar nos próximos meses
- Evolução de prazos em oficinas de motores e disponibilidade de peças críticas.
- Ritmo de entregas de jatos novos e transparência de cronogramas de fabricantes.
- Dinâmica de preços de SAF e desenho regulatório, especialmente na Europa, para evitar distorções competitivas.
- Estratégias de mitigação das companhias, como contratos de leasing de motores, estoques de segurança e manutenção preditiva para reduzir tempo fora de serviço.
Fonte de referência: Reuters, IATA, Bernama.
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