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Fim das tarifas: chance de ouro para exportadores brasileiros de base florestal e mineral
Retirada das tarifas de 10% sobre celulose e ferro-níquel brasileiros pelos EUA abre espaço para ganhos na indústria florestal e mineral.
A recente decisão dos Estados Unidos de retirar as tarifas adicionais de 10% (e a sobretaxa de até 40%) aplicadas sobre a celulose e o ferro-níquel brasileiros representa uma inflexão importante no comércio bilateral. A medida, anunciada em setembro de 2025, beneficia diretamente setores estratégicos da economia nacional e abre espaço para novas oportunidades de competitividade global. Para a indústria de base florestal e mineral, o movimento pode significar mais investimentos, aumento de exportações e reforço na sustentabilidade das cadeias produtivas.
O que mudou no cenário tarifário
Em abril de 2025, Washington havia imposto uma alíquota geral de 10% sobre produtos importados, ampliada em julho com sobretaxas de até 40% sobre itens específicos, como celulose e ferro-níquel. Agora, por meio da Ordem Executiva nº 14.346, essas tarifas foram suspensas para os dois segmentos.
O impacto é expressivo: em 2024, o Brasil exportou cerca de US$ 1,84 bilhão desses produtos para os EUA, sendo US$ 1,55 bilhão em celulose, o que representou aproximadamente 4,6% do total exportado para aquele mercado. Com a retirada das barreiras, 25,1% das exportações brasileiras destinadas aos EUA ficam livres das tarifas adicionais.
Oportunidades para a indústria florestal
O setor de celulose é o grande beneficiado. Com custos reduzidos no acesso ao mercado norte-americano, empresas brasileiras podem ampliar participação frente a concorrentes internacionais. A celulose brasileira, oriunda de florestas plantadas e reconhecida pela produtividade, ganha vantagem em preço e previsibilidade de contratos.
Além disso, há espaço para consolidar a imagem de sustentabilidade, já que certificações ambientais (como FSC e PEFC) podem ser decisivas para conquistar clientes em mercados mais exigentes. Essa combinação de competitividade e credenciais verdes fortalece a posição do Brasil como fornecedor global de destaque.
Impacto na mineração e no ferro-níquel
Embora em menor escala que a celulose, o ferro-níquel brasileiro também se beneficia. A retirada das tarifas pode estimular novos contratos com siderúrgicas e indústrias de ligas metálicas dos EUA, que buscam diversificar fornecedores diante de pressões geopolíticas.
Na prática, empresas de mineração e metalurgia brasileiras podem retomar margens de exportação, ganhar previsibilidade de receita e planejar investimentos em modernização de plantas e infraestrutura logística.
Reflexos para a cadeia industrial e de manutenção
A abertura tarifária não afeta apenas os exportadores diretos. Empresas de transporte, operadores portuários, fornecedores de equipamentos e prestadores de serviços de manutenção industrial também são impactados.
Mais contratos internacionais significam maior fluxo de produção, o que exige máquinas mais disponíveis, processos otimizados e manutenção preventiva eficaz para sustentar a competitividade. Esse é um ponto de atenção para engenheiros e gestores da área: a confiabilidade dos ativos se torna ainda mais estratégica quando se busca ampliar exportações em mercados de alta demanda.
Desafios que permanecem
Apesar da conquista, cerca de três quartos das exportações brasileiras para os EUA continuam sujeitas a tarifas adicionais, incluindo produtos de alto valor agregado, como derivados da celulose. Além disso, a logística nacional, os custos de energia e as barreiras não-tarifárias (como exigências ambientais e fitossanitárias) seguem como gargalos.
Outro fator é a volatilidade política: a decisão atual pode ser revista conforme o cenário eleitoral ou geopolítico, o que exige cautela e planejamento estratégico por parte das empresas.
Conclusão
A retirada das tarifas de 10% e 40% sobre celulose e ferro-níquel é um alívio imediato e um convite para reposicionar o Brasil no comércio internacional de base florestal e mineral. Para exportadores, a hora é de revisar contratos, reforçar práticas sustentáveis e investir em eficiência operacional. Para a indústria de manutenção e engenharia, a lição é clara: a competitividade no mercado externo passa pela confiabilidade dos ativos e pela capacidade de sustentar a produção em ritmo acelerado.
Em tempos de cadeias globais cada vez mais voláteis, essa “chance de ouro” pode ser decisiva para consolidar a presença brasileira nos EUA e ampliar horizontes no comércio internacional.
Fontes de referência: Reuters; Agência Brasil; InfoMoney; Veja; Jornal de Brasília.
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