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FIESC lança programa “desTarifaço” para apoiar empresas e trabalhadores afetados pelo tarifaço dos EUA

A Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) apresentou, em 28 de agosto, o programa desTarifaço, um pacote de serviços gratuitos criado para reduzir os efeitos das tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos. A medida busca dar suporte imediato às empresas exportadoras e aos trabalhadores diretamente atingidos pela nova política comercial.

O programa reúne consultoria técnica, apoio para obtenção de crédito, orientação para diversificação de mercados e adequação de linhas de produção, além de qualificação profissional e acompanhamento psicológico para trabalhadores que estão em inatividade ou foram desligados.

Segundo o presidente da FIESC, Gilberto Seleme, o impacto é especialmente severo para pequenas e médias indústrias: em alguns casos, mais de 90% do faturamento depende das exportações aos EUA. Estudos da entidade indicam que regiões como o Planalto Norte, Meio-Oeste e Serra estão entre as mais vulneráveis, onde a perda de competitividade pode gerar também reflexos sociais preocupantes.

O desTarifaço é operado em parceria com SENAI-SC, SESI-SC e IEL-SC, contemplando duas frentes de atuação:

  • Às indústrias: consultoria jurídica, apoio para crédito e incentivos governamentais, reposicionamento de produtos e abertura de novos mercados.
  • Aos trabalhadores: cursos de recapacitação, recolocação em setores com déficit de mão de obra e suporte psicológico para recolocação profissional.

Além dos serviços diretos, a FIESC vem atuando politicamente desde o anúncio do tarifaço. A entidade participou da criação do pacote tributário de R$ 435 milhões lançado pelo governo catarinense e mantém diálogo ativo com autoridades federais e norte-americanas. Nos dias 3 e 4 de setembro, representantes da FIESC integrarão uma missão empresarial da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em Washington, onde estão previstas reuniões com escritórios de advocacia, autoridades do governo dos EUA e a Embaixada do Brasil.

Impactos regionais e setoriais

De acordo com estimativas da própria FIESC, o tarifaço pode representar perdas de R$ 1,7 bilhão para a economia catarinense e queda de 0,31% no PIB estadual. Entre os setores mais atingidos estão madeira e móveis, responsáveis por quase metade das exportações do estado aos EUA, além de motores, compressores e equipamentos elétricos.

Um levantamento da FGV confirma que a cadeia de madeira e móveis, concentrada no Sul do Brasil, responde por 41,1% das exportações catarinenses ao mercado norte-americano. Já um estudo da UFSC alerta para impactos adicionais sobre insumos industriais, combustíveis, lubrificantes e peças de transporte, segmentos igualmente estratégicos.

A relevância do tema também aparece no mapa de municípios afetados: Joinville e Jaraguá do Sul, dois dos principais polos industriais do estado, figuram entre as 20 cidades brasileiras mais impactadas, segundo levantamento do portal ND+.

Além disso, a FIESC aponta que Santa Catarina será o 4º estado mais prejudicado financeiramente pelo tarifaço em todo o país, reforçando a necessidade de medidas emergenciais para evitar o fechamento de fábricas e o aumento do desemprego.

Uma resposta estruturada ao choque externo

O desTarifaço surge como uma resposta coordenada da indústria catarinense para enfrentar os efeitos de um cenário global mais hostil ao comércio exterior. A proposta combina ações imediatas de apoio técnico e social com articulação política em nível estadual, federal e internacional, buscando preservar a competitividade das exportações, proteger empregos e mitigar os riscos de desindustrialização em regiões estratégicas.

Embora ainda haja incertezas sobre a duração e a intensidade do tarifaço, o movimento da FIESC sinaliza que o setor produtivo não pretende ficar paralisado diante da crise. O desafio, daqui em diante, será transformar o desTarifaço em um modelo capaz de não apenas amortecer impactos, mas também reposicionar Santa Catarina em cadeias globais de valor cada vez mais complexas.

Fonte de referência: Agência de Notícias da Indústria; Gazeta do Povo; FGV/IBRE; UFSC; ND+; FIESC.

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