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Consumo de café no Brasil encolhe sob pressão dos preços
Pesquisa mostra que 24% dos brasileiros reduziram o consumo de café em 2025 devido à alta nos preços, revelando efeitos da inflação sobre hábitos de consumo.
O café, bebida símbolo da cultura brasileira, começa a sentir os efeitos diretos da inflação no bolso do consumidor. Segundo a pesquisa bianual “Café – Hábitos e Preferências do Consumidor (2019-2025)”, realizada pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) em parceria com o Instituto Axxus e baseada em mais de 4 mil entrevistas em todo o país, 24% da população afirma ter reduzido o consumo em 2025 por causa dos preços elevados.
O dado contrasta fortemente com os levantamentos anteriores: em 2023 apenas 3% relatavam essa mudança, em 2021 eram 5% e em 2019, 7%. A queda não se restringe à frequência: o percentual de pessoas que bebem mais de seis xícaras por dia caiu de 29% para 26%, sinalizando um ajuste de intensidade. Ao mesmo tempo, cresce a procura por alternativas mais acessíveis, como a migração para atacarejos, que passaram a responder por 28,2% das compras contra 24,6% em 2023.
O fenômeno revela como o café, apesar de essencial, está sujeito às oscilações econômicas e climáticas que afetam toda a cadeia produtiva.

Contexto macroeconômico e fatores explicativos
Para interpretar bem esses dados, é útil situá-los no cenário econômico, climático e de mercado de café:
Oferta afetada por fatores climáticos e estoques
Nos últimos dois anos, a produção nacional foi marcada por eventos climáticos adversos, como secas prolongadas e irregularidades pluviométricas. Esses fatores reduziram a produtividade e contribuíram para a queda dos estoques. Em 2025, o Brasil já registrava níveis historicamente baixos de reservas de café, com projeções de queda entre 3% e 6,4% na safra 2025/26, sobretudo no arábica. Essa limitação de oferta pressionou os preços no atacado e no varejo, refletindo no consumo.
Pressão inflacionária e aumento de preço
O café está entre os itens alimentícios que mais encareceram no IPCA recente, acumulando alta superior a 70% em dois anos. Embora julho de 2025 tenha registrado a primeira queda em 18 meses (-1,01%), o impacto acumulado ainda pesa no bolso do consumidor. A escalada dos custos — desde fertilizantes até transporte — intensificou esse movimento, repassando aumentos diretamente às prateleiras.
Efeitos de renda, substituição e comportamento do consumidor
Diante de renda comprimida e inflação persistente, o consumidor brasileiro adotou estratégias de ajuste: diminuição da quantidade ingerida, substituição por marcas mais baratas e busca por canais de compra econômicos. A participação dos atacarejos é um reflexo dessa tendência. Cafeterias e pequenos varejistas perderam espaço, revelando uma mudança estrutural no padrão de consumo. A redução de intensidade, mais do que o abandono completo da bebida, mostra que o café se mantém culturalmente forte, mas de maneira mais seletiva e moderada.
Conclusão: inflação altera hábitos enraizados
O recuo no consumo de café expõe como até um hábito profundamente enraizado pode ser afetado pela pressão dos preços. O setor cafeeiro brasileiro, maior produtor e exportador mundial, passa a enfrentar um desafio duplo: manter a competitividade externa e preservar o consumo interno diante de custos crescentes. Para a indústria de alimentos, o sinal é claro: até produtos considerados “intangíveis” ao dia a dia do consumidor podem perder espaço quando a inflação se torna estrutural.
Fontes de referência: Reuters; Investing.com; Financial Times; IndexBox.
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