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Brasil e Índia ampliam cooperação comercial e miram US$ 20 bilhões em negócios anuais
Ampliação do acordo tarifário e criação de visto eletrônico aproximam Brasil e Índia, abrindo novo ciclo de oportunidades industriais e comerciais.
A visita oficial da comitiva brasileira à Índia nesta semana marcou um avanço concreto nas relações entre os dois países. O governo brasileiro anunciou a criação de um visto eletrônico para negócios e a ampliação do Acordo de Preferências Tarifárias (APT) entre Mercosul e Índia, em vigor desde 2009. As medidas fazem parte de uma estratégia para destravar barreiras, acelerar o fluxo de investimentos e consolidar um comércio bilateral que já ultrapassa US$ 12 bilhões ao ano.
Durante o encontro, liderado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, foi estabelecida a meta de elevar o volume de negócios entre Brasil e Índia para US$ 20 bilhões anuais nos próximos anos — um salto sustentado pela expansão de linhas tarifárias e pela integração entre setores estratégicos das duas economias.
Expansão do acordo tarifário e novos setores contemplados
O Acordo de Preferências Tarifárias Mercosul–Índia, que atualmente cobre cerca de 450 linhas tarifárias, passará por uma ampliação substancial. A proposta prevê inclusão de novos produtos industriais e agroindustriais, o que permitirá reduzir custos e diversificar a pauta exportadora.
Entre os setores com maior potencial estão máquinas e equipamentos, autopeças, fármacos, insumos químicos, alimentos processados e biocombustíveis. Na prática, cada novo item incorporado ao acordo tende a abrir uma via de entrada mais competitiva para empresas brasileiras, que poderão acessar um dos mercados mais dinâmicos do planeta, a Índia deve se tornar a terceira maior economia global até 2027, segundo o FMI.
Visto eletrônico e facilitação de negócios
Outra medida anunciada foi o visto eletrônico para viagens de negócios, que facilitará o deslocamento de empresários, técnicos e executivos entre os dois países. A simplificação do processo de entrada deve reduzir burocracias, ampliar o número de missões comerciais e acelerar negociações presenciais, especialmente em setores de engenharia, tecnologia e manufatura.
O movimento se alinha ao Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFI), já promulgado pelo governo brasileiro e previsto para entrar em vigor em dezembro de 2025. O instrumento cria mecanismos de governança, resolução de controvérsias e segurança jurídica para investimentos bilaterais, reforçando a base institucional da relação.
Comércio bilateral em ascensão
Os números confirmam uma trajetória consistente de crescimento. O comércio entre Brasil e Índia cresceu mais de 30% em 2025, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. O intercâmbio, que era de US$ 12 bilhões em 2024, deve se aproximar de US$ 15 bilhões neste ano, impulsionado pelas exportações brasileiras de óleo vegetal, minério de ferro e produtos químicos, e pelas importações de medicamentos, fertilizantes e equipamentos eletrônicos.
A meta conjunta de atingir US$ 20 bilhões anuais reflete não apenas ambição diplomática, mas uma aposta no redesenho das cadeias produtivas globais. À medida que Índia e Brasil buscam reduzir dependências externas, ambos os países se posicionam como plataformas industriais e tecnológicas para o Sul Global.
O impacto para a indústria brasileira
Para a indústria nacional, o novo ciclo de cooperação representa acesso ampliado a insumos, novos mercados e oportunidades de coprodução. A redução tarifária sobre bens intermediários pode aliviar custos de produção, enquanto o mercado indiano oferece demanda crescente por alimentos industrializados, componentes de energia renovável e equipamentos de transporte.
Empresas brasileiras de médio e grande porte, especialmente nos setores metalúrgico, químico e de manufatura avançada, podem se beneficiar de parcerias tecnológicas e joint ventures com grupos indianos interessados em transferência de conhecimento e integração regional.
Além disso, a aproximação reforça a diplomacia econômica brasileira no contexto dos BRICS, ampliando o peso político do país em acordos multilaterais de inovação, transição energética e infraestrutura.
Contexto e implicações econômicas
O movimento de aproximação ocorre num momento em que o comércio internacional vive tensões geopolíticas e busca rotas alternativas às cadeias concentradas na Ásia. Tanto Brasil quanto Índia apostam em estratégias de autonomia produtiva, em que diversificar parceiros é tão importante quanto aumentar o volume de trocas.
A cooperação bilateral surge, portanto, como uma resposta pragmática à fragmentação do comércio global. A criação de instrumentos de facilitação, somada à expansão tarifária, abre caminho para uma relação mais madura entre as duas economias — uma que vai além do comércio de commodities e se volta à integração industrial e tecnológica de longo prazo.
Fonte de referência: Agência Gov, MDIC, The Economic Times, Reuters, Valor Econômico.
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