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Brasil e AIEA firmam programa 2025–2030 para expandir usos pacíficos da energia nuclear

Novo acordo Brasil–AIEA define prioridades em energia, saúde, agricultura e meio ambiente, fortalecendo segurança nuclear e inovação tecnológica.

O Brasil reforçou sua posição no cenário nuclear internacional ao assinar, em setembro de 2025, o Country Programme Framework (CPF) 2025–2030 com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). O documento, formalizado durante a 69ª Conferência Geral da AIEA em Viena, define as áreas prioritárias de cooperação técnica para os próximos cinco anos.

Mais do que um compromisso diplomático, o CPF estabelece a base para projetos práticos de cooperação em ciência, tecnologia e inovação nuclear. Para a indústria e os profissionais de engenharia e manutenção, essa agenda abre oportunidades em setores que vão da energia elétrica à medicina, passando por agricultura, meio ambiente e aplicações industriais.

O que é o CPF da AIEA

O Country Programme Framework é um plano de médio prazo que orienta a cooperação técnica entre a AIEA e um país-membro. O documento identifica as prioridades nacionais e organiza o apoio em forma de treinamentos, assistência técnica, equipamentos e projetos conjuntos.

No caso brasileiro, o CPF 2025–2030 sucede o ciclo anterior (2020–2024), que já havia apoiado iniciativas em segurança radiológica, agricultura e saúde. A nova versão atualiza e amplia o escopo de cooperação, alinhando o Brasil a agendas globais de inovação e segurança nuclear.

Áreas prioritárias do Brasil até 2030

Segundo a AIEA, as sete áreas definidas pelo CPF são:

  • Proteção radiológica e segurança nuclear
  • Alimentos e agricultura
  • Saúde e nutrição
  • Água e meio ambiente
  • Energia
  • Reatores de pesquisa
  • Aplicações industriais

Cada uma dessas frentes tem potencial de desdobramento em projetos de cooperação que envolvem transferência de tecnologia, qualificação de profissionais e modernização de infraestrutura.

Possíveis impactos para o Brasil e para a indústria

Embora o CPF não traga metas numéricas ou cronogramas detalhados, é possível analisar como cada área pode se refletir em avanços concretos:

  • Energia: reforço da segurança nuclear, gestão de combustíveis e rejeitos, além de apoio à formação de especialistas — pontos centrais para o futuro de Angra 3 e da matriz elétrica de baixo carbono.
  • Saúde e nutrição: expansão do uso de radiofármacos e radioterapia, com potencial de ampliar a capacidade de diagnóstico e tratamento oncológico.
  • Agricultura: uso de técnicas nucleares para controle de pragas, melhoria de cultivares e gestão de solos e água, aumentando produtividade e reduzindo dependência de agroquímicos.
  • Água e meio ambiente: aplicação de hidrologia isotópica para monitoramento de aquíferos, poluição e impactos climáticos, com relevância para mineração e saneamento.
  • Indústria: tecnologias nucleares aplicadas em ensaios não destrutivos, esterilização e modificação de materiais podem fortalecer cadeias produtivas em setores como petroquímica, siderurgia e papel e celulose.

Para a área de manutenção industrial, esses avanços significam maior demanda por infraestrutura crítica e serviços técnicos altamente especializados, em ambientes que exigem confiabilidade, compliance regulatório e inovação em engenharia.

Conclusão

A assinatura do CPF Brasil–AIEA 2025–2030 representa um passo estratégico para ampliar os usos pacíficos da energia nuclear no país. O documento não detalha metas quantitativas, mas estabelece um roteiro de cooperação que pode transformar setores essenciais como energia, saúde, agricultura e indústria.

O impacto para o setor produtivo será duplo: de um lado, o desafio de adequar infraestrutura e práticas de manutenção a padrões cada vez mais rigorosos de segurança e qualidade; de outro, a oportunidade de integrar tecnologias nucleares a processos industriais, com ganhos em eficiência, confiabilidade e sustentabilidade.

O êxito do programa dependerá da capacidade do Brasil de transformar compromissos em projetos efetivos, com governança sólida, financiamento adequado e comunicação clara à sociedade. Se bem conduzido, o CPF poderá consolidar a energia nuclear como vetor de desenvolvimento científico, industrial e social na próxima década.

Fontes de referência: IAEA; CNEN; World Nuclear Association; Agência Brasil; Reuters.

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