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Brasil atinge recorde histórico de exportações, importações e corrente de comércio em setembro

Comércio exterior brasileiro soma US$ 58 bilhões em setembro, o maior volume mensal da história, impulsionado pela indústria e pelo agronegócio.

Setembro marcou um novo marco para o comércio exterior brasileiro. Segundo dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o país registrou recordes simultâneos de exportações, importações e corrente de comércio, atingindo US$ 30,53 bilhões em exportações e US$ 27,54 bilhões em importações, totalizando uma corrente de comércio de US$ 58,07 bilhões, o maior resultado mensal da série histórica.

O desempenho expressivo reflete a combinação de uma demanda global ainda aquecida, diversificação dos destinos comerciais e maior dinamismo das cadeias produtivas internas. Embora o superávit do mês, de US$ 2,99 bilhões, tenha ficado abaixo da média de meses anteriores, o avanço simultâneo das vendas e compras externas mostra que a economia brasileira vem mantendo forte integração com o mercado global.

No acumulado de janeiro a setembro, as exportações somaram US$ 257,79 bilhões, e as importações, US$ 212,31 bilhões, resultando em uma corrente de comércio de US$ 470,11 bilhões, crescimento de 4,2% em relação ao mesmo período de 2024. O saldo comercial acumulado ficou em US$ 45,48 bilhões, um patamar robusto mesmo diante da alta das importações industriais.

Setores que impulsionaram o recorde

O avanço foi disseminado entre os principais setores produtivos. As exportações agropecuárias cresceram 18%, impulsionadas por soja, milho e carnes. A indústria extrativa teve alta de 9,2%, com destaque para minério de ferro e petróleo bruto, enquanto a indústria de transformação cresceu 2,5%, puxada por produtos químicos e metalurgia.

Nas importações, o destaque foi a indústria de transformação, com alta de 21,5%, sinalizando maior compra de insumos, máquinas e componentes. O aumento de 3,5% na importação agropecuária reforça a pressão da demanda interna, enquanto a queda de 26% nas compras da indústria extrativa mostra menor dependência de insumos minerais estrangeiros.

Contexto e implicações econômicas

O dado mais relevante é que o crescimento das importações superou o das exportações, sugerindo que o país está consumindo e investindo mais, um indicativo de atividade interna aquecida. Isso pode ser positivo para a indústria, que depende de bens intermediários importados, mas também acende o alerta para o impacto na balança comercial no fim do ano.

Outro ponto de atenção é a queda nas exportações para os Estados Unidos, que recuaram 20,3% em setembro, atingindo US$ 2,58 bilhões, enquanto as importações de produtos americanos subiram 14,3%, para US$ 4,35 bilhões. O resultado foi um déficit bilateral de US$ 1,77 bilhão. A explicação está nas tarifas impostas por Washington a produtos brasileiros, o que vem redirecionando parte das vendas para a China, cuja demanda cresceu 14,9% no mesmo período.

Mesmo com esse desequilíbrio pontual, o saldo global segue positivo. O Brasil consolida-se como fornecedor estratégico de alimentos, energia e commodities minerais, além de manter papel relevante nas cadeias industriais da América do Sul.

No médio prazo, o desafio é converter o volume recorde em ganhos de valor agregado, exportando mais produtos industrializados e menos matérias-primas. O desempenho de setembro mostra fôlego do comércio exterior, mas também revela que o país ainda depende do ciclo de commodities e do comportamento da demanda global.

A solidez do resultado reforça a percepção de que o Brasil atravessa um momento de forte inserção comercial, em um cenário global marcado por tarifas, reconfiguração de blocos e transição energética. O próximo passo é transformar esse dinamismo em um vetor de industrialização sustentável e competitiva.

Fonte de referência: Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Agência Gov, Correio da Manhã, Reuters

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