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Petrobras realiza primeira importação de gás natural não convencional da Argentina via Bolívia
Petrobras faz operação inédita e importa gás de Vaca Muerta, na Argentina, via Bolívia, em movimento que reforça a integração energética regional.
A Petrobras anunciou sua primeira importação de gás natural não convencional da Argentina, proveniente da formação de Vaca Muerta, uma das maiores reservas de gás de xisto do mundo. O volume inicial foi de aproximadamente 100 mil metros cúbicos, transportado por gasoduto através do território boliviano até o Brasil.
A operação foi coordenada em parceria com a Pluspetrol, produtora argentina que atua em Vaca Muerta, e com a subsidiária Petrobras Operaciones S.A. (POSA), responsável por parte da logística no país vizinho. O fornecimento ocorre na modalidade interruptível, o que significa que o fluxo pode ser suspenso em caso de necessidade de redirecionamento da capacidade do gasoduto ou ajustes operacionais.
Embora o volume seja modesto, o marco é simbólico. Representa a primeira vez que a estatal brasileira importa gás da Argentina utilizando a infraestrutura da Bolívia como rota de trânsito. Segundo comunicado da Petrobras, o acordo comercial autoriza até 2 milhões de metros cúbicos de gás na mesma modalidade, consolidando o teste como um passo estratégico para futuras operações de maior escala.
Um movimento de integração energética regional
O gás transportado tem origem em Vaca Muerta, província de Neuquén, onde o governo argentino vem expandindo a exploração de reservas não convencionais desde 2013. A região é considerada a segunda maior reserva de gás de xisto do planeta, atrás apenas dos Estados Unidos.
A iniciativa da Petrobras se insere em um contexto de reaproximação energética entre Brasil, Bolívia e Argentina, após anos de incerteza nos contratos de fornecimento bolivianos. O objetivo é ampliar as fontes de suprimento, diversificar a matriz de importação e aumentar a segurança energética do mercado brasileiro, que ainda depende de volumes expressivos de gás importado.
O gasoduto utilizado para o transporte é o Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), principal canal de interligação entre os sistemas de transporte de gás da região. O trajeto argentino até o território brasileiro foi viabilizado mediante acordos técnicos e comerciais entre os três países, incluindo o pagamento de tarifas de trânsito à Bolívia.
Vaca Muerta e o potencial de exportação para o Brasil
A operação consolida a Argentina como novo player no mercado regional de gás natural. O país vem ampliando sua capacidade de extração e busca posicionar Vaca Muerta como polo exportador para o Cone Sul, aproveitando a infraestrutura de gasodutos já existente.
Em abril de 2025, uma exportação experimental da TotalEnergies e da YPF já havia levado gás argentino ao Brasil via Bolívia, em volume diário de cerca de 500 mil metros cúbicos durante dez dias. Agora, com a Petrobras na rota, a operação ganha peso político e sinaliza maior integração entre as empresas estatais e privadas da região.
Analistas do setor destacam que, embora o volume importado ainda seja pequeno, o gesto da Petrobras abre espaço para uma nova dinâmica de mercado, na qual a Argentina passa a disputar parte do fornecimento de gás atualmente dominado pela Bolívia. Para o Brasil, o movimento representa uma oportunidade de reduzir custos logísticos e fortalecer o mercado de gás natural em um momento de retomada do consumo industrial.
Contexto e implicações econômicas
A importação de gás não convencional de Vaca Muerta ocorre em um cenário de transição energética e crescente demanda por segurança de suprimento. O governo brasileiro tem enfatizado a importância de diversificar as fontes de gás, especialmente após oscilações nos contratos bolivianos e incertezas no mercado global de GNL.
Além do efeito imediato sobre o abastecimento, a operação reforça o papel estratégico da Petrobras na integração energética da América do Sul. O sucesso desse modelo pode abrir caminho para acordos de longo prazo entre os três países, envolvendo intercâmbio de energia, compartilhamento de infraestrutura e investimentos conjuntos em gasodutos e terminais de compressão.
Para o setor industrial, a ampliação da oferta tende a contribuir para maior previsibilidade nos preços e estabilidade no fornecimento, reduzindo a dependência de terminais de GNL e importações marítimas de alto custo. A médio prazo, o avanço de novas rotas de gás terrestre pode beneficiar segmentos como petroquímica, fertilizantes e geração termoelétrica, que dependem diretamente da competitividade do insumo.
O marco da importação de gás argentino é, portanto, mais do que um evento comercial. Ele representa o início de uma nova etapa de cooperação regional em energia, na qual eficiência logística, diversificação de fontes e diplomacia econômica caminham lado a lado para fortalecer a segurança energética do Brasil e o papel da Petrobras na matriz sul-americana.
Fonte de referência: Petrobras, Ministério de Minas e Energia, Reuters, Infomoney, Poder360, Terra, Agência Gov.
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