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Empresas chinesas ampliam presença no setor de serviços brasileiro e prometem bilhões em investimentos
Gigantes como Meituan e Mixue intensificam investimentos no Brasil e marcam nova fase da presença chinesa no país, agora focada em serviços e consumo.
A presença chinesa no Brasil ganha uma nova face em 2025. Após décadas concentrando capital em energia, mineração e infraestrutura, o investimento chinês migra para o setor de serviços e consumo, liderado por gigantes como Meituan e Mixue. Essa nova onda de aportes sinaliza um reposicionamento estratégico da China no mercado latino-americano, focado em tecnologia, alimentação e economia digital.
A Meituan, uma das maiores empresas de delivery e tecnologia do mundo, acaba de desembarcar oficialmente no país sob a marca Keeta, com previsão de investir R$ 5,6 bilhões nos próximos cinco anos. O plano inclui ampliar operações em grandes centros urbanos e disputar espaço com plataformas já consolidadas no Brasil, como iFood e Rappi. A companhia abriu escritório em São Paulo e iniciou parcerias com restaurantes locais, apostando em uma expansão gradual, mas ambiciosa.
Na mesma direção, a rede chinesa de sorvetes e bebidas Mixue anunciou investimento de R$ 3,2 bilhões até 2030, com expectativa de gerar 25 mil empregos diretos e indiretos. A primeira loja brasileira será inaugurada ainda este ano, no Shopping Cidade São Paulo, na Avenida Paulista. Com mais de 45 mil unidades espalhadas pelo mundo, a Mixue aposta em preços acessíveis e adaptação de sabores para o paladar brasileiro, incluindo a utilização de polpas de frutas nacionais em seu cardápio.
Mudança de rota no investimento chinês
O movimento simboliza uma mudança de eixo na relação econômica entre Brasil e China. Tradicionalmente, o capital chinês no país esteve concentrado em grandes projetos de infraestrutura e energia, além de setores ligados à indústria pesada. Agora, o foco se desloca para negócios voltados ao consumo urbano, serviços digitais e alimentação, aproveitando o tamanho do mercado interno brasileiro e sua alta taxa de conectividade.
Segundo o Le Monde e o E-Commerce Brasil, a desaceleração do crescimento na China e as tensões comerciais com Estados Unidos e Europa impulsionam empresas chinesas a buscar novos mercados emergentes. O Brasil aparece como destino estratégico por sua estabilidade relativa, população numerosa e ambiente favorável ao consumo online.
A aposta em serviços também reflete o amadurecimento tecnológico das companhias chinesas. Plataformas como Meituan dominam o ecossistema digital na Ásia, operando de forma integrada — do delivery de alimentos ao comércio eletrônico e serviços financeiros —, modelo que começa a ser replicado no Brasil.
Oportunidades e desafios
A chegada dessas empresas deve movimentar a economia brasileira. Além da criação de empregos e do aporte de capital estrangeiro, o avanço de grupos chineses pode incentivar a concorrência e a inovação entre empresas locais. No caso da Mixue, a integração de ingredientes nacionais abre espaço para parcerias com produtores brasileiros e com o agronegócio.
Mas os desafios são significativos. O mercado de serviços no Brasil é altamente competitivo e regulado, com exigências trabalhistas, fiscais e logísticas complexas. Modelos de negócios baseados em subsídios e expansão acelerada, comuns na China, podem enfrentar resistência por aqui. Há ainda preocupações sobre a qualidade dos empregos gerados e as condições de trabalho, já que o setor de entregas enfrenta debates sobre remuneração e direitos dos trabalhadores.
Outro ponto de atenção é a reação de concorrentes locais. Empresas já consolidadas no país tendem a adotar estratégias agressivas para preservar participação de mercado, o que pode acirrar disputas de preço e elevar a pressão por eficiência operacional.
A nova fase dos investimentos chineses no Brasil indica um cenário de cooperação e competição simultâneas. Ao mesmo tempo em que trazem capital e tecnologia, as empresas da China desafiam o setor nacional a inovar e a se adaptar a novos padrões de consumo digital. Se bem aproveitada, essa movimentação pode marcar o início de uma integração econômica mais diversificada entre os dois países, consolidando o Brasil como porta de entrada para os serviços chineses na América Latina.
Fonte de referência: E-Commerce Brasil, StartSe, Exame, Le Monde, Agência Brasil.
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