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Brasil amplia rastreamento de ouro ilegal com tecnologia de DNA mineral

A Polícia Federal do Brasil está elevando o combate ao garimpo ilegal na Amazônia a um novo patamar com o uso de uma tecnologia de rastreamento conhecida como “DNA mineral”. A técnica, que analisa a composição geoquímica do ouro, permite identificar a região exata de onde o metal foi extraído, mesmo após o refino.

Com base nessa metodologia, os investigadores conseguem associar amostras de ouro apreendidas a garimpos ilegais localizados em territórios protegidos ou áreas sob embargos ambientais. A iniciativa, que já vinha sendo aplicada em operações no território brasileiro desde 2023, foi ampliada em setembro de 2025 para um programa de alcance internacional.

Cooperação internacional e expansão do programa

A partir de acordos firmados com autoridades da Guiana Francesa e da Colômbia, a Polícia Federal começou a compartilhar sua base de dados geoquímica de amostras minerais e realizar análises conjuntas. O objetivo é rastrear rotas de contrabando de ouro através das fronteiras amazônicas.

Investigações recentes apontam que parte significativa do ouro ilegal extraído no Brasil tem como destino fundições da Venezuela, passando por canais clandestinos e documentos falsos. Com a nova tecnologia, autoridades conseguem cruzar a “impressão digital” mineral de cada lote e identificar sua origem verdadeira.

A precisão da técnica chamou a atenção da Interpol, que lançou o “Projeto Gaia” para disseminar a metodologia entre polícias de outros países. O Brasil agora sedia, em Manaus, o Centro Internacional de Cooperação Policial da Amazônia, criado para apoiar operações transnacionais de combate a crimes ambientais.

Como funciona o DNA mineral

A análise é baseada na identificação de elementos traço, isótopos e impurezas que variam conforme a formação geológica da região de origem. Mesmo após o processo de fundição e purificação, vestígios microscópicos dessas “impressões” permanecem no metal.

A Polícia Federal utiliza laboratórios com espectrômetros e equipamentos de alta precisão para comparar essas amostras com uma base de dados geoquímica criada a partir de coletas em regiões conhecidas da Amazônia.

A expectativa é ampliar essa biblioteca de referência, incluindo amostras de outros países da Bacia Amazônica, para refinar ainda mais o rastreamento internacional.

Resultados práticos e desafios

Segundo a PF, a tecnologia tem sido decisiva para comprovar a origem ilegal de ouro apreendido com documentos aparentemente regulares. Isso fortalece os processos criminais e enfraquece a cadeia de lavagem de ouro.

No entanto, o método também enfrenta limitações. Quando diferentes lotes são misturados intencionalmente, o rastro geoquímico pode ser diluído. Outro desafio é manter atualizada e representativa a base de amostras, o que exige investimento em coleta, análise e manutenção.

Mesmo com essas barreiras, especialistas apontam o modelo brasileiro como um dos mais avançados no combate à mineração ilegal do mundo. Além de permitir a rastreabilidade do metal, o uso da tecnologia atua como elemento dissuasório para quem tenta inserir ouro ilegal no mercado formal.

Fonte de referência: Reuters, Agência Brasil, Repórter Brasil, CPRM, Polícia Federal

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