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O que o déficit externo tem a ver com o custo da sua produção?

O Brasil encerrou agosto de 2025 com um déficit em transações correntes de US$ 4,7 bilhões, segundo dados do Banco Central. Embora menor que o verificado em agosto de 2024, esse resultado acende alertas importantes para a indústria nacional, especialmente setores que dependem de insumos importados. Em um contexto de oscilação cambial e pressão sobre o dólar, o déficit externo passa a ser um indicador estratégico para empresas que precisam manter previsibilidade nos custos de produção e abastecimento.

Entendendo o que é a conta corrente

A conta corrente faz parte do balanço de pagamentos e representa as transações de bens, serviços e rendas entre o Brasil e o resto do mundo. Ela é composta por três grandes categorias:

  • Bens: exportações menos importações de produtos.
  • Serviços: como transporte internacional, telecomunicações, viagens e royalties.
  • Rendas primárias: transferências de lucros, dividendos e juros para fora do país.

Quando o saldo total dessas transações é negativo, o país registra um déficit em conta corrente. Isso significa que está saindo mais dinheiro do que entrando nas relações com o exterior.

Déficit e dólar: um elo direto com o custo industrial

O déficit externo tem efeitos práticos no dia a dia das indústrias. Para cobrir o buraco nas contas externas, aumenta-se a demanda por dólares, o que pode pressionar o câmbio. O resultado é um real mais fraco e insumos importados mais caros.

Setores industriais altamente dependentes de importações são os primeiros a sentir o impacto. O custo de peças, componentes eletrônicos, fertilizantes, produtos químicos e maquinário importado sobe, comprimindo margens e dificultando o planejamento orçamentário.

Cadeias vulneráveis: onde o impacto é mais direto

  • Agroindústria e fertilizantes: com alta dependência de insumos químicos importados, esses setores sofrem com o dólar valorizado.
  • Metalurgia e bens de capital: importação de maquinário e tecnologias aumenta os custos de expansão e modernização.
  • Eletrônica e semicondutores: altamente sensível às variações cambiais, com impacto direto no preço de equipamentos e sistemas de automação.
  • Indústrias exportadoras com insumos importados: mesmo vendendo em dólar, empresas que dependem de componentes externos perdem competitividade.

E agora? Caminhos para mitigar riscos

Diante desse cenário, empresas podem adotar estratégias para reduzir exposição ao risco cambial:

  • Diversificar fornecedores: buscar alternativas nacionais ou regionais pode ser uma saída.
  • Contratos de hedge cambial: protegem contra oscilações do dólar, garantindo previsibilidade.
  • Eficiência operacional: automatização e redução de desperdícios ajudam a compensar custos externos.
  • Análise constante de indicadores macroeconômicos: para ajustar compras e contratos ao cenário cambial.

Conclusão: um alerta que vai além da economia

O déficit em conta corrente não é apenas um dado macroeconômico distante da realidade industrial. Ele dialoga diretamente com o planejamento de compras, formação de preços e estratégias de produção. Empresas industriais que acompanham de perto os indicadores externos ganham vantagem competitiva e capacidade de reação em um ambiente global cada vez mais dinâmico.

Fontes de referência: InfoMoney, CNN Brasil, Exame, Banco Central do Brasil, Terra

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