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Santa Catarina vira case industrial: por que o estado cresce acima do Brasil?
Enquanto a média nacional da produção industrial acumula alta modesta de 1,1% em 2025, Santa Catarina se destaca com crescimento em torno de 4%. O desempenho superior tem despertado atenção de economistas, empresários e gestores públicos, que enxergam no estado um verdadeiro case de eficiência industrial. Mas o que explica esse avanço acima da média?

Os números do desempenho catarinense
De acordo com dados do IBGE (Pesquisa Industrial Mensal Regional) e levantamentos da FIESC e da Secretaria da Fazenda de SC (SEF-SC), Santa Catarina está entre os estados que mais expandiram a produção em 2025.
No primeiro trimestre, a indústria catarinense já havia registrado crescimento expressivo de 8,5% frente ao mesmo período do ano anterior. No acumulado até julho, a taxa se estabilizou em torno de 4%, ainda assim muito acima do desempenho nacional.
Os setores que mais impulsionaram esse resultado foram:
- Metalurgia e produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos);
- Máquinas e equipamentos industriais, em linha com a demanda por tecnologia e manutenção de ativos;
- Móveis e minerais não metálicos, apoiados pelo mercado da construção civil;
- Têxtil e vestuário, tradicionalmente fortes em SC e em recuperação após anos de instabilidade.
Por que Santa Catarina cresce mais?
Especialistas apontam alguns fatores estruturais que ajudam a explicar o diferencial:
- Diversificação industrial: a economia catarinense não depende de um único setor. A presença simultânea de metalurgia, máquinas, móveis, têxtil, cerâmica e agroindústria cria resiliência contra oscilações.
- Capital humano e qualificação técnica: a tradição de escolas técnicas, universidades e centros de inovação fortalece a mão de obra e facilita a adoção de tecnologias de indústria 4.0.
- Incentivos e ambiente de negócios: programas estaduais de crédito e simplificação tributária, somados a políticas locais de estímulo, dão fôlego às empresas.
- Proximidade com polos consumidores e logística: apesar de gargalos nacionais, a posição geográfica de SC, com portos estratégicos (Itajaí, Navegantes, São Francisco do Sul), facilita o escoamento da produção.
Impactos para manutenção e engenharia
O crescimento acima da média traz também novos desafios. Para sustentar ritmos mais altos de produção, empresas precisam reforçar estratégias de manutenção preventiva e preditiva.
- Infraestrutura industrial: maior volume de produção pressiona máquinas, linhas de montagem e sistemas logísticos. Sem manutenção adequada, aumentam riscos de falhas e paradas não programadas.
- Demanda por inovação: setores em expansão — como metalurgia e máquinas — exigem equipamentos de alta confiabilidade. Isso acelera investimentos em automação, sensores IoT e análise de dados para monitoramento de ativos.
- Cadeia de suprimentos: fornecedores de peças, serviços de engenharia e manutenção industrial ganham espaço com o crescimento local, ampliando o ecossistema de negócios.
O futuro do case catarinense
Apesar do bom desempenho, os dados mais recentes mostram sinais de desaceleração em alguns meses, indicando que o desafio de manter o crescimento será constante. A resiliência dependerá de fatores como estabilidade macroeconômica, custo do crédito, eficiência logística e políticas de incentivo.
Se conseguir alinhar inovação tecnológica, qualificação de mão de obra e manutenção eficiente dos ativos, Santa Catarina pode consolidar sua posição como referência nacional em competitividade industrial. O estado mostra que é possível crescer acima da média quando se combina diversidade produtiva, gestão eficiente e capacidade de adaptação às demandas globais.
Conclusão
Santa Catarina é hoje um laboratório de como a indústria brasileira pode se reinventar e prosperar em meio a um cenário nacional de baixo crescimento. O avanço catarinense não é fruto de sorte, mas de uma combinação de estrutura diversificada, inovação, políticas regionais e compromisso com produtividade.
Para engenheiros e gestores de manutenção, a mensagem é clara: a confiabilidade dos ativos industriais e a capacidade de responder às pressões de mercado são peças-chave não apenas para manter o ritmo, mas para transformar crescimento pontual em trajetória sustentável.
Fontes de referência: IBGE (PIM Regional); CNI; FIESC; SEF-SC; Negócios SC; Necat/UFSC.
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