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Indústria fatura mais em 2025: crescimento sustentável ou voo de galinha?

O faturamento da indústria brasileira cresceu 5,1% nos sete primeiros meses de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O dado, à primeira vista, aponta para uma retomada de fôlego do setor. No entanto, indicadores como a utilização da capacidade instalada e a evolução mensal do faturamento sugerem que o cenário pode ser mais complexo. A pergunta que se impõe é: trata-se de um ciclo de crescimento sustentável ou apenas um voo de galinha?

O desempenho em números

Entre janeiro e julho, a indústria não só faturou mais, como também registrou avanços em emprego (+2,3%) e em horas trabalhadas na produção (+2,5%), demonstrando maior atividade em linha de frente. O indicador de julho frente a junho apresentou alta de 0,4%, reforçando a trajetória positiva no acumulado do ano.

Entretanto, quando a comparação é feita com julho de 2024, o resultado mostra retração de 1,3% no faturamento. Além disso, a utilização da capacidade instalada (UCI) recuou para 78,2%, cerca de 1,6 ponto percentual abaixo do nível registrado no mesmo mês do ano passado. Esses dados acendem um alerta para a consistência do movimento de alta.

Sinais de fôlego curto

O desempenho industrial de 2025 carrega marcas de volatilidade. Apesar do crescimento acumulado, o comportamento mensal revela oscilações típicas de um cenário econômico ainda instável. Juros elevados, crédito caro e custos de insumos são fatores que pesam sobre a produção.

A queda da UCI indica que, mesmo com maior faturamento, parte da capacidade produtiva está ociosa. Esse descompasso pode sinalizar que a alta de faturamento não reflete uma expansão orgânica da demanda, mas sim efeitos pontuais como recomposição de estoques ou exportações sazonais.

Impactos para a indústria e manutenção

Para gestores industriais e de manutenção, o cenário pede atenção redobrada. Mais horas trabalhadas e maior emprego significam aumento da pressão sobre equipamentos, linhas de produção e infraestrutura. Isso exige planejamento de manutenção preventiva e preditiva para evitar paradas não programadas.

Além disso, oscilações de demanda tornam essencial a flexibilidade operacional. Máquinas precisam estar prontas tanto para rodar em alta capacidade em picos de produção quanto para suportar períodos de menor utilização sem degradação excessiva dos ativos. A confiabilidade e a gestão inteligente da manutenção tornam-se diferenciais competitivos.

Crescimento sustentável ou voo de galinha?

O crescimento observado em 2025 tem elementos positivos: geração de empregos, mais atividade fabril e expansão no faturamento acumulado. No entanto, os sinais de perda de ritmo em julho e a queda da UCI mostram que a base do crescimento ainda é frágil.

Para transformar esse movimento em trajetória sustentável, será necessário reduzir custos estruturais, ampliar investimentos em inovação e garantir eficiência operacional. Políticas de crédito, modernização logística e estímulos à indústria 4.0 podem fazer a diferença. Sem essas medidas, o risco de o atual desempenho se revelar apenas um voo de galinha permanece elevado.

Conclusão

O resultado parcial de 2025 é promissor, mas insuficiente para decretar uma retomada sólida da indústria brasileira. O crescimento só se tornará consistente se vier acompanhado de ganhos de produtividade, inovação tecnológica e estratégias robustas de manutenção e confiabilidade de ativos.

Enquanto isso, o setor precisa se preparar para navegar em um ambiente de incertezas, combinando eficiência operacional, investimentos em manutenção e atenção às oscilações do mercado. O faturamento cresce, mas a sustentabilidade desse avanço ainda está em aberto.

Fontes de referência: Agência Brasil; CNI; Safras & Mercado.

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